sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Jesus foi casado com Maria Madalena?





A teoria de que Jesus foi casado e teve filhos não é nova. Segundo os adeptos dessa teoria Jesus foi casado com Maria Madalena e ainda teve dois filhos com ela.  Essa teoria baseia-se principalmente em três fontes: um evangelho apócrifo, um manuscrito do século VI e um pedaço de papiro do século IV. 

Vamos analisar o que dizem essas três fontes:




1 - O Evangelho de Filipe

O Evangelho de Filipe é apócrifo, isso é, não faz parte do cânon bíblico. Os apócrifos são livros de origem suspeita ou duvidosa, e por isso não fazem parte da coleção dos livros sagrados que compõem a bíblia. Apesar de o texto ser atribuído a Filipe, ele certamente não foi o autor, visto que morreu muito tempo antes de o livro ser escrito. 

Aqueles que defendem a teoria de que Jesus foi casado com Maria Madalena utilizam algumas passagens desse livro para sustentar suas idéias. Segundo eles, uma dessas passagens chega a afirmar que Jesus beijava Maria Madalena na boca, veja: 


“E a companheira do Salvador era Maria Madalena. Cristo amou Maria mais do que todos os discípulos, e costumava beijá-la freqüentemente na boca. Os demais discípulos se ofendiam com isso e expressavam seu descontentamento. Eles disseram: por que você a ama mais do que a nós? O Salvador respondeu-lhes: por que eu não vos amo como a amo?”

Na verdade, no entanto, o texto original não está tão claro assim. Ele está muito fragmentado e muitas partes estão ilegíveis.  Veja como está o original:



“E a companheira do [ILEGÍVEL]  ia Ma  [ILEGÍVEL] lena. [ILEGÍVEL] M [ILEGÍVEL] mais do que [ILEGÍVEL] os disc [ILEGÍVEL] beijá-la [ILEGÍVEL] na [ILEGÍVEL]. Os demais [ILEGÍVEL]. Eles disseram: Por que você a ama mais do que a nós?. O Salvador respondeu-lhes: por que eu não vos amo como a amo?".

Como se pode notar, não há como saber se o texto original cita mesmo o nome de Maria Madalena, e nem muito menos se fala realmente sobre o tal beijo na boca. A referência à Maria Madalena e ao beijo na boca não passam de suposições acrescentadas ao texto.

Muito se especula também sobre o fato de o Evangelho de Filipe chamar Maria Madalena de “companheira de Jesus”. Ora! A palavra grega “koinonia” (companheira), traz a ideia de comunhão ou participação conjunta. O mesmo tipo de comunhão que Jesus tinha com todos os seus discípulos. Não significa, necessariamente, um vínculo matrimonial. 





2  - Evangelho da Esposa de Jesus

O chamado “Evangelho da Esposa de Jesus” na verdade nem é um evangelho! Trata-se apenas de um pedaço de papiro com 8 centímetros de comprimento e 4 de largura, ou seja, pouco maior que um cartão de visita.  Possui oito linhas onde encontram-se algumas frases desconexas.  Uma das frases diz o seguinte: 


"Jesus disse-lhes: Minha esposa...''
Outra frase diz: 


"Ela poderá ser minha discípula".

Esse pedaço de papiro foi descoberto em 2012 quando uma professora de religião de Harvard chamada Karen King  recebeu-o de um colecionador anônimo. 



O papiro seria do século IV e contém escritos na língua copta.
Testes comprovaram que o papiro é realmente antigo, mas segundo a própria Karen King, isso não prova que Jesus era casado. 

Para o pesquisador Francis Watson, professor do Departamento de Teologia e Religião da Universidade de Durham, na Inglaterra, o papiro é certamente falso. Para ele o texto do papiro seria uma colagem de trechos do Evangelho de Tomé (apócrifo) escrito em copta, que teriam sido misturados para sugerir um novo significado. 

Watson cita detalhes como quebras de linha iguais em textos diferentes, o que evidencia que o autor do texto do papiro apenas copiou trechos do Evangelho de Tomé, até mesmo suas divisões de linha. Isso também mostra que o autor não dominava bem esse idioma. 


3 - Manuscrito  do século VI

Esse manuscrito teria sido encontrado na Biblioteca Britânica, sendo datado do século VI. Na verdade não se trata de uma novidade, pois esse manuscrito já era conhecido pelos historiadores há muito tempo. O documento foi escrito em grego e traduzido para o siríaco, um dialeto do aramaico, e ganhou o título “The Ecclesiastical History of Zacharias Rhetor”  ou a “A História Eclesiástica de Zacarias Retórico” em tradução livre.

Apesar do fato de que esse manuscrito sequer menciona o nome de Jesus ou o nome de Maria Madalena, uma dupla formada pelo professor de estudos religiosos Barrie Wilson e pelo escritor Simcha Jacobovic está "sugerindo" que o texto do pergaminho é um tipo de “história em código” sobre a vida conjugal de Jesus e Maria Madalena (de onde tiraram essa ideia meu Deus?), e assim já lançaram um livro ($$$) contando essa estória. 

O livro se chama “The Lost Gospel”. 



O manuscrito na verdade conta a história de um homem chamado José, e de uma mulher chamada Aseneth, que era filha de um importante sacerdote egípcio. Nada é dito no manuscrito a respeito de Jesus ou de Maria Madalena.

A bíblia nunca entrou em detalhes sobre o estado civil de Jesus. Não há absolutamente nada na bíblia indicando que Jesus era casado. A razão mais lógica de a Bíblia não falar nada sobre isso é que ele nunca foi casado.

2 comentários:

  1. O fato de ter beijado ou não na boca não diz nada. Até porque Judas também beijou Jesus. Esses costumes fraternos são comuns até o dia de hoje no oriente médio e no extremo leste europeu. Até o ator Sasha Baron Cohen satirizou esse comportamento no filme "Borat: o segundo maior reporter do glorioso país Cazaquistão", sinalizando que a homoafetividade (não HOMOSEXUALISMO, que são coisas distintas), é pratica habitual. Ou nas palavras da personagem: "Normal, como no Cazaquistão."

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  2. O fato de ter beijado ou não na boca não diz nada. Até porque Judas também beijou Jesus. Esses costumes fraternos são comuns até o dia de hoje no oriente médio e no extremo leste europeu. Até o ator Sasha Baron Cohen satirizou esse comportamento no filme "Borat: o segundo maior reporter do glorioso país Cazaquistão", sinalizando que a homoafetividade (não HOMOSEXUALISMO, que são coisas distintas), é pratica habitual. Ou nas palavras da personagem: "Normal, como no Cazaquistão."

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